15 de junho de 2008

1968 - Protestos com Glamour

Pernas para que te quero. Esse foi o lema do final dos anos 60. Após o surgimento da mini-saia pela estilista Mary Quant, as mulheres deram seu grito de independência à personalidade. Para provar o poder da beleza feminina, Quant foi receber, em 1966, a Ordem do Império Britânico das mãos da rainha vestindo uma minissaia. E foi aí que tudo começou. Pernas à mostra, botas de salto alto e suéteres justos abriram um novo panorama para a época.

Mais precisamente em 1968, a autonomia em querer se vestir como bem entender foi aflorada pelo sentimento de rebeldia que tomava conta da época. As mulheres acharam nelas mesmas uma arma contra a ditadura; sua própria beleza. Surge então a luta pela igualdade de gêneros, o anticoncepcional e também os cílios postiços juntamente com o rímel à prova d’água.

No mundo da alta costura, Yves Saint Laurent chega a seu apogeu com o lançamento do terninho feminino, o primeiro macacão para a noite, o preto e as bijuterias. Laurent juntou o tecido das roupas masculinas, com riscas finas, e fez com que elas fossem delicadas e elegantes ao corpo da mulher.

Não querendo seguir o estilo mecânico dos pais, a juventude do final de 68 inicia o estilo “hippie” com o lema “paz e amor”. Abrem mão das regalias e começam a viver em comunidades simples. A moda segue o mesmo estilo e surgem as calças “boca de sino”, os coletes, bolsas bordadas, batas indianas com cabelos compridos soltos ou em tranças e óculos escuros.

Com a idéia de cooperação surge o comércio dos brechós, lojas que revendem roupas usadas, e o estilo torna-se mais unissex para relembrar a luta pela igualdade de gênero.

Então chega-se ao ápice de toda a guerrilha aos moldes conservadores. No dia 7 de setembro de 1968, em protesto ao concurso Miss América, em Atlantic City, mais de cem mulheres gritavam lemas como “mulher não é apenas beleza”. Várias mulheres saíram às ruas levando símbolos de feminilidade da época como maquiagem, roupas e sutiãs. Organizaram latas de lixo e jogaram tudo o que traziam. Ameaçaram tacar fogo nas peças, mas a prefeitura não autorizou o movimento para que queimassem os objetos. Mas, mesmo sem o fogo em si, o episódio ficou conhecido mundialmente como o dia da “Queima de Sutiãs” em protesto à ditadura da época.

No Brasil, lutava-se contra a ditadura militar, a censura e a reforma educacional Em decorrência dos manifestos contra o poder, as roupas expressavam força, garra e independência. Os cabelos eram com­pridos para ambos os sexos, jeans desbotados, pés descal­ços, anéis em todos os dedos, colar de índio, chapéu de cowboy.A moda dos anos 60 entrou na era industrial com as fibras sintéticas (náilon, banlon e tergal) fazendo com que os revolucionários não perdessem o vinco.

De pernas de fora ou cobertas pela pantalona, as moças ganharam o mundo e começaram a acreditar que poderiam um dia ser livres, transar sem engravidar graças à pílula anticoncepcional, trabalhar sem depender do marido e viver felizes para sempre fora das grades do lar.

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