14 de junho de 2008

1968: “A aventura de uma geração”

Zuenir Ventura em seu livro faz uma emocionante viagem ao ano de 1968. Começando com a magnífica festa de reveillon na casa da promovida pelo casal Luís-Heloísa Buarque de Hollanda, que ficou conhecida como a “festa da casa da Helô”. O que aconteceu lá parecia que só estava sendo refletido tudo o que o ano de 68 seria, não apenas mais um ano e sim um marco para a história. O livro não é apenas mais uma ficção. É uma realidade na qual os jovens é que fazem à história. Eles tentam fazer uma revolução em todos os sentidos, mas no Brasil conseguem apenas a revolução cultural. O autor nos mostra em detalhes e de diferentes ângulos como foram as organizações estudantis, o Partido Comunista, o movimento dos intelectuais que eram os artistas em geral e também a Passeata dos 100 mil, as passeatas e a sexta feira 13, em dezembro, que foi a instituição do Ato Institucional-5 (o famoso AI-5).

O autor privilegiou muito mais do que vivenciou no ano. Tentou colher depoimentos de pessoas que vieram e apareceram na época, pesquisou materiais que mostravam fatos de 68. Zuenir, em sua viagem cronológica, considera que a revolução cultural mexeu com os jovens que protestaram o governo, de formas indiretas, com passeatas, peças teatrais e informais como, por exemplo, mudando a forma de se vestirem. O divorcio se tornou mais freqüente, a mulher na busca incessante pela independência e o homossexualismo.

No mundo as revoluções estavam explodindo e as notícias que chegavam ao Brasil incentivavam cada vez mais os estudantes a irem às ruas protestar. A morte do estudante Edson Luis Lima Souto, após um confronto entre militares e estudantes, foi o que impulsionou as manifestações populares. As pessoas se sensibilizaram e se juntaram com os movimentos estudantis. Isso fez as pessoas irem às ruas protestar culminando com a “Passeata dos 100 mil.”

Um ano que já começa com mais de 17 casamentos desfeitos no “reveillon da casa da Helô”, teve vários e vários outros acontecimentos. A censura de exibição de fotos, filmes, reportagens ou qualquer outro tipo de publicação dos tumultos que envolvessem os estudantes, o homossexualismo querendo a afirmação social, foram acontecimentos importantes.

Um ano cheio de heróis e bandidos, de paixões e dramas, lutas, vitórias e derrotas chega ao fim com a instituição do AI-5 funcionando como uma forma de repressão ditatorial. Era uma ordem de prisão lida em rede nacional pelo presidente da época, Costa e Silva em uma sexta feira, 13.

Vinte anos depois Zuenir Ventura abre uma janela para o “mundo de 68”, reconstituindo o ano no Brasil, tentando sempre mostrar o lado negro e o lado colorido de todos os acontecimentos. Mostrando um momento de sintonia mágica e misteriosa.

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