26 de junho de 2008

A grande Jornada


Christopher Vogler traz uma rara oportunidade para o leitor de ver as etapas de como é criado um personagem e como se faz para escrever uma boa história. Conhecer os elementos de uma história e quais são seus papéis, entender como funcionam as regras, saber equilibrar o texto, são algumas das situações que Vogler enumera para ter êxito na história. Baseado nas pesquisas de Joseph Campbell, o autor conseguiu dispor a pontos largos os arquétipos que habitam nosso inconsciente literário. Exemplificando com estruturas míticas bastante conhecidas e assim dando base ao seu roteiro.

O Herói de Mil Faces de Joseph Campbell foi uma das contribuições mais importantes para Vogler. Campbell descobre e Vogler se baseia em que basicamente todas as histórias são as mesmas contadas e recontadas de infinitas formas.

Na primeira das três seções que o livro é dividido o autor descreve os diversos personagens que podem e na maioria das vezes devem aparecer: herói, mentor, aliados, inimigos, entre outros. E para esses personagens, uma série de modelos baseados em arquétipos, torna-se uma ferramenta valiosa que ajuda até escritores experientes a refletir sobre aspectos estruturais, sobretudo em relação ao enredo e ao desenvolvimento de personagens.

Vogler na segunda seção nos apresenta a certas situações para que a narrativa se “desenrole”. Ele se envolve nas diferentes etapas da jornada do herói. Aonde o personagem principal vai para fora do seu mundo comum, cotidiano, em direção a um mundo especial, novo e estranho. Em seguida o herói se sente desconfortável e perturbado. A sua auto-estima vai à zero. A quebra de um paradigma pode se dar de maneira gradativa ou de um só golpe. Dão-se várias situações ainda até a história ter um desfecho. Vogler preocupou-se em dar exemplos para que a leitura ficasse mais leve e de fácil entendimento. Exemplificando com a obra “O Mágico de Oz” ele observa a amizade e uma certa ingenuidade.

Por fim, faz recapitulação da Jornada em Titanic e outos filmes populares como se fosse um modo de testar e comprovar sua utilidade. Com essa análise podemos ver de um modo geral como funciona e como se transforma em alguns casos específicos. Talvez seja compreender que, apesar de serem muitas, quase infinitas, as variações possíveis no ato de se contar história, no fundo, estamos contando sempre as mesmas caquéticas e míticas histórias.

O livro não é como manuais. É uma proposta ao leitor para que ele crie o seu próprio caminho para sua jornada.

“A Jornada do Escritor se sai com a certeza de que é possível fazer um bom roteiro e nem há muito mistério nisso”, diz Ana Maria Machado.

Resenha do livro A Jornada do Escritor

22 de junho de 2008

Estamos com fome de amor - (Arnaldo Jabor)



Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e
transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegamsozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros queestudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
novíssimos “personal dance”, incrível. E não é só sexo não, se fosse, era
resolvido fácil, alguém duvída?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber
carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de
um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que
vão “apenas” dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa
marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a
carreira, a produção.

Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como
voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de
relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como:
“Quero um amor pra vida toda!”, “Eu sou pra casar!” até a desesperançada
“Nasci pra ser sozinho!” Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em
meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase
etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a
cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão
infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que
verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa
verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio,
démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer
ridículos, abobalhados, e daí?

Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e
falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo
pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou
muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca
mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à
dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que
se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais,
pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o
dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser
estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out,
que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me
aventurar a dizer pra alguém: “vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou
outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu
não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo
resto da vida”.

Antes idiota que infeliz!

15 de junho de 2008

A fama por qualquer preço

(cena do Filme "O preço de uma verdade", o ator Peter Sarsgaard)

Tentando buscar a fama a qualquer preço o filme conta a história real do fraudulento jornalista Stephen Glass. Redator da "The New Republic", perseguindo um atalho para a fama, Glass inventou fontes, críticas e até mesmo histórias inteiras, mas sua fraude não deixou de ser notada e seu mundo acabou por vir abaixo.

O sucesso repentino de Stephen Glass se escondia por trás de artigos forjados. Eram tão bem disfarçadas que nem mesmo a rigorosa equipe responsável pela comprovação das informações era capaz de dizer que elas nem sequer existiam. Em uma de suas maiores reportagens publicadas, porém, Glass foi desmascarado por um editor de uma revista concorrente.

Apesar de ser absolutamente antiético em sua profissão, partes dos seus colegas se posicionam a seu favor, mesmo depois de tomarem conhecimento dos artigos forjados. Consideram como um simples tropeço.

A história pessoal de Glass, por mais fascinante que seja, é quase que um motivo para explorar temas mais profundo. O filme abre espaço para a componente humana, a do anti-herói que enfrenta dilemas e conflitos internos, questões éticas e profissionais. Há no filme toda uma reflexão sobre a amizade e a lealdade num universo em que os “fatos” são o bem mais precioso.

1968 - Protestos com Glamour

Pernas para que te quero. Esse foi o lema do final dos anos 60. Após o surgimento da mini-saia pela estilista Mary Quant, as mulheres deram seu grito de independência à personalidade. Para provar o poder da beleza feminina, Quant foi receber, em 1966, a Ordem do Império Britânico das mãos da rainha vestindo uma minissaia. E foi aí que tudo começou. Pernas à mostra, botas de salto alto e suéteres justos abriram um novo panorama para a época.

Mais precisamente em 1968, a autonomia em querer se vestir como bem entender foi aflorada pelo sentimento de rebeldia que tomava conta da época. As mulheres acharam nelas mesmas uma arma contra a ditadura; sua própria beleza. Surge então a luta pela igualdade de gêneros, o anticoncepcional e também os cílios postiços juntamente com o rímel à prova d’água.

No mundo da alta costura, Yves Saint Laurent chega a seu apogeu com o lançamento do terninho feminino, o primeiro macacão para a noite, o preto e as bijuterias. Laurent juntou o tecido das roupas masculinas, com riscas finas, e fez com que elas fossem delicadas e elegantes ao corpo da mulher.

Não querendo seguir o estilo mecânico dos pais, a juventude do final de 68 inicia o estilo “hippie” com o lema “paz e amor”. Abrem mão das regalias e começam a viver em comunidades simples. A moda segue o mesmo estilo e surgem as calças “boca de sino”, os coletes, bolsas bordadas, batas indianas com cabelos compridos soltos ou em tranças e óculos escuros.

Com a idéia de cooperação surge o comércio dos brechós, lojas que revendem roupas usadas, e o estilo torna-se mais unissex para relembrar a luta pela igualdade de gênero.

Então chega-se ao ápice de toda a guerrilha aos moldes conservadores. No dia 7 de setembro de 1968, em protesto ao concurso Miss América, em Atlantic City, mais de cem mulheres gritavam lemas como “mulher não é apenas beleza”. Várias mulheres saíram às ruas levando símbolos de feminilidade da época como maquiagem, roupas e sutiãs. Organizaram latas de lixo e jogaram tudo o que traziam. Ameaçaram tacar fogo nas peças, mas a prefeitura não autorizou o movimento para que queimassem os objetos. Mas, mesmo sem o fogo em si, o episódio ficou conhecido mundialmente como o dia da “Queima de Sutiãs” em protesto à ditadura da época.

No Brasil, lutava-se contra a ditadura militar, a censura e a reforma educacional Em decorrência dos manifestos contra o poder, as roupas expressavam força, garra e independência. Os cabelos eram com­pridos para ambos os sexos, jeans desbotados, pés descal­ços, anéis em todos os dedos, colar de índio, chapéu de cowboy.A moda dos anos 60 entrou na era industrial com as fibras sintéticas (náilon, banlon e tergal) fazendo com que os revolucionários não perdessem o vinco.

De pernas de fora ou cobertas pela pantalona, as moças ganharam o mundo e começaram a acreditar que poderiam um dia ser livres, transar sem engravidar graças à pílula anticoncepcional, trabalhar sem depender do marido e viver felizes para sempre fora das grades do lar.

A escolha entre o certo e o errado


O homem nunca teve tanto poder de comunicar e tanta responsabilidade moral diante da sociedade. Basta ver a quantidade de crianças e adolescentes que entram a cada dia neste mercado de conhecimento. Pode-se imaginar a dimensão desse desafio.

Informar não é só o conteúdo de um jornal, mas tudo o que se passa de conhecimento dentro dos programas, desde desenhos até novelas.

O profissional da área de comunicação, que tem o poder de testemunhar, de ver de perto, de estar por dentro tem também o poder de transmitir informação e conhecimento. Mas muitas vezes na “sede” de informar o jornalismo tem colocado a vida de pessoas em risco sem o menor constrangimento. Exemplos que mostram a falta de ética no jornalismo é o filme “O preço de uma verdade” que se baseia em fatos reais. A história mostra um jornalista que desde o inicio de sua carreira escreve matérias mentirosas, a revista para qual o jornalista trabalha vende muitos exemplares. As matérias do “jornalista mentiroso” são bastante elogiadas. Por falta de ética do jornalista, do editor e do dono do veiculo de comunicação acaba publicando matérias mentirosas em várias edições da revista, até que o editor de uma outra revista concorrente vai atrás de fontes das matérias e não encontra. A revista perdeu a credibilidade e o jornalista acabou com a sua carreira.

Um bom exercício para desenvolver uma consciência ética é pensar na própria família. A ética deveria partir do bom senso e da moral de cada um. Precisa a cada dia, a cada matéria escrita, a cada e-mail enviado, a cada edição a consciência do sentido de sua profissão. Pois a responsabilidade do profissional da informação e do conhecimento nunca foi tão grande.

14 de junho de 2008

1968: “A aventura de uma geração”

Zuenir Ventura em seu livro faz uma emocionante viagem ao ano de 1968. Começando com a magnífica festa de reveillon na casa da promovida pelo casal Luís-Heloísa Buarque de Hollanda, que ficou conhecida como a “festa da casa da Helô”. O que aconteceu lá parecia que só estava sendo refletido tudo o que o ano de 68 seria, não apenas mais um ano e sim um marco para a história. O livro não é apenas mais uma ficção. É uma realidade na qual os jovens é que fazem à história. Eles tentam fazer uma revolução em todos os sentidos, mas no Brasil conseguem apenas a revolução cultural. O autor nos mostra em detalhes e de diferentes ângulos como foram as organizações estudantis, o Partido Comunista, o movimento dos intelectuais que eram os artistas em geral e também a Passeata dos 100 mil, as passeatas e a sexta feira 13, em dezembro, que foi a instituição do Ato Institucional-5 (o famoso AI-5).

O autor privilegiou muito mais do que vivenciou no ano. Tentou colher depoimentos de pessoas que vieram e apareceram na época, pesquisou materiais que mostravam fatos de 68. Zuenir, em sua viagem cronológica, considera que a revolução cultural mexeu com os jovens que protestaram o governo, de formas indiretas, com passeatas, peças teatrais e informais como, por exemplo, mudando a forma de se vestirem. O divorcio se tornou mais freqüente, a mulher na busca incessante pela independência e o homossexualismo.

No mundo as revoluções estavam explodindo e as notícias que chegavam ao Brasil incentivavam cada vez mais os estudantes a irem às ruas protestar. A morte do estudante Edson Luis Lima Souto, após um confronto entre militares e estudantes, foi o que impulsionou as manifestações populares. As pessoas se sensibilizaram e se juntaram com os movimentos estudantis. Isso fez as pessoas irem às ruas protestar culminando com a “Passeata dos 100 mil.”

Um ano que já começa com mais de 17 casamentos desfeitos no “reveillon da casa da Helô”, teve vários e vários outros acontecimentos. A censura de exibição de fotos, filmes, reportagens ou qualquer outro tipo de publicação dos tumultos que envolvessem os estudantes, o homossexualismo querendo a afirmação social, foram acontecimentos importantes.

Um ano cheio de heróis e bandidos, de paixões e dramas, lutas, vitórias e derrotas chega ao fim com a instituição do AI-5 funcionando como uma forma de repressão ditatorial. Era uma ordem de prisão lida em rede nacional pelo presidente da época, Costa e Silva em uma sexta feira, 13.

Vinte anos depois Zuenir Ventura abre uma janela para o “mundo de 68”, reconstituindo o ano no Brasil, tentando sempre mostrar o lado negro e o lado colorido de todos os acontecimentos. Mostrando um momento de sintonia mágica e misteriosa.

1968 - O ano dos acontecimentos!!!


Com certeza o ano de 1968 marcou a história da humanidade. Repleto de muitos protestos, da revolução sexual, com conflitos de gerações e ainda o uso mais freqüente de drogas pelos jovens. Em um ano tão turbulento, explica-se o uso das drogas com mais freqüência como se fosse um refúgio para os jovens.

Na entrevista com Todd Glitlin, sociólogo e professor universitário de jornalismo, ele conta que as guerras culturais que temos hoje são as mesmas daquela época. O que diferencia é que, naquele ano, houve uma erupção de confrontos de imperialistas e “isolacionistas”, brancos e negros, confrontos políticos, feministas. 1968 ainda foi marcado pela Guerra do Vietnã. No ano também houve o assassinato de duas personalidades: Bob Kennedy e Martin Luther King, o que gerou vários tumultos urbanos nos Estados Unidos.

Todd Glitlin caracteriza a política de 1968 como uma guerra de direita e esquerda. Essa polarização que aconteceu que aconteceu nos Estados Unidos teve inicio com o movimento dos direitos civis.

Ex-presidente da SDS (Students for a Democratic Society) diz que, sem a guerra do Vietnã, tudo seria menos complexo.

O ano de 1968 pode ser caracterizado como um ano turbulento, porém de muita esperança.